terça-feira, 13 de maio de 2014

Compra do Material (Parte III - Resina Epóxi e Endurecedor)

O projetista indicou-me a resina Araldite® GY 1109 BR e os endurecedores 830 e 850 do mesmo fabricante.

O motivo desta escolha é que a combinação destes produtos oferecerão boas propriedades mecânicas e resistências químicas. 

Mantive contato com um representante da Huntsman no Brasil - Maxepoxi (http://www.maxepoxi.com.br/) - fui muito bem atendido pela Simone (por email) e a seguir por um técnico (por telefone) que desejaria saber exatamente quais as minhas necessidades, uma vez que os endurecedores Aradur 830 e Aradur 850 foram descontinuados e o seu substituto era o Aradur 450 BD.

Vejam email do fornecedor...

"Os endurecedores Aradur 830 e 850 foram descontinuados e, em virtude disto, indicamos o Aradur 450 como substituto para ser misturado com a resina Araldite GY 1109. Veja anexo com literaturas. Portanto: Araldite GY 1109 = 100 partes em peso e Aradur 450 = 57 partes em peso"

Achei muito interessante o atendimento personalizado, inclusive enviaram-me vários glossários técnicos acerca dos produtos que eu estava interessado - o que me deixou bastante confortável.

O fabricante recomenda uma mistura de 100 : 57 partes por peso da resina em relação ao endurecedor. Ou seja: para cada 100 gr de resina epóxi, devo utilizar 57 gr de endurecedor. Nesta proporção o tempo de secagem a 65% de UR será de 235 minutos (4 horas).

Qual a quantidade a comprar?

Não faço a menor ideia e os únicos parâmetros disponíveis são: a) Preocupação com o prazo de validade; b) Tempo médio entre a compra e o recebimento do material. O prazo de validade é de no mínimo 1 (um) ano e o tempo de recebimento não deverá ser inferior a 15 dias - não dá pra ficar comprando tudo por SEDEX.

Sendo assim, o Luiz me aconselhou comprar 10kg de resina e 5kg de endurecedor, mas achei pouco e resolvi dobrar o pedido - 20 kg de resina e 12 kg de endurecedor.

O orçamento

ORÇAMENTO


PRODUTOS

QT

EMBALAGEM

PREÇO UNITÁRIO


IPI (%)
U$/kg
R$/kg

Araldite GY 1109
1
Pote 1 kg  
 10,25
22,66
5
Aradur 450
1
Pote 0,47gr
 13,75
30,40
10
Valor do dólar dia 2,2107

Aos preços acima tenho que colocar o frete (FOB).

Compra do Material (Parte II - Sarrafos)

A madeira para construção da super estrutura é formada de compensados e sarrafos. O compensado já foi comprado (aguardo a fabricação e o transporte), agora é a vez dos sarrafos.

Mandei novo email para Luis Gouveia (projetista) solicitando informações de qual o tipo de madeira a ser utilizada como sarrafo e eis a resposta:

"Você consegue encontrar cedro aí na sua região?  Se conseguir essa seria a minha indicação.  O freijó também é ótimo. Basicamente qualquer madeira de boa resistência, baixo peso, não resinosa e que cole bem com epóxi pode ser utilizada.  Veja o que você tem disponível na sua região e me informa caso precisa de alguma dica."

Não entendo nada de madeira então iniciei procurando o cedro.

Madeirazinha (cedro) difícil de ser encontrada aqui na região (Alagoas)... depois de muita procura acabei encontrando umas tábuas que estavam guardadas há mais de sete anos em uma serraria. Foi muito bom tê-las encontrado nestas condições por dois motivos: a) O proprietário me informou que nesta época é praticamente impossível comprar madeira no Pará - chove muito por aquelas bandas; b) As tábuas que ele dispunha estavam bem secas e sem bichos. Por estas andanças percebi que madeira é artigo tão precioso quanto ouro...

Encontrei sarrafo de cedro, com certa facilidade, na internet... embora que não nas bitolas desejadas (40X20 e 20X20).

Não faço a menor ideia de qual quantidade comprar - aliás, esse é um ponto que o projeto peca, embora exista uma quantidade prevista para a construção, dependendo de como você comprar, do estado em que estiverem as tábuas,  as perdas poderão ser muito grandes. Por exemplo: Se comprar tábuas com muitos nós; se as tábuas estiverem muito empenadas.

Vejam email do Luis Gouveia.

"A quantidade você pode ver na planta de estrutura.  Se for comprar em pranchas para você mesmo cortar em sarrafos de 20x20 ou 20x40 pode comprar pelo menos o dobro de m3 porque a perda é muito grande.  Se for comprar os sarrafos já cortados adicione uns 25%"

Não havia muito o que fazer, só achei aquelas tábuas... O preço foi R$ 4,37 /m para os sarrafos de cedro de 40 X 20, aparelhados nas 4 faces e R$ 2,18 /m para os sarrafos de 20 X 20, também aparelhados nas 4 faces.

Poderia ter comprado as tábuas (para posterior corte nas bitolas desejadas) e o preço sairia mais em conta, porém teria que investir em ferramental (serra de disco) e não estou interessado em adquirir ferramentas que não possam ser utilizadas após a finalização do projeto. Por isso optei em comprar o material já praticamente pronto.

A quantidade de tábuas disponíveis renderá aproximadamente 200 m para cada bitola... e o total da compra ficou em R$ 1.310,00. O prazo de entrega foi de 5 dias. Sinceramente não faço a menor ideia se 2 X 200 m será suficiente (acho que não), mas o madeireiro ficou de providenciar mais algumas peças e eu vou aguardar pra ver. Minha base de cálculo, bastante simplista, foi: Comprei 56 chapas de compensado, cada uma com um perímetro de 7,80 m... multiplicando-se 58 x 7,80, teremos aproximadamente 450 metros. Foi mais ou menos por aí que resolvi comprar 400 m.

O tamanho médio das peças é 3,00 metros. Enrolei as peças em um plástico para evitar que a chuva molhe os sarrafos.

Vejam as fotos.






quarta-feira, 7 de maio de 2014

Compra do material (Parte I - Compensado Naval)...

Muita gente é contra a técnica construtiva denominada "ply-glass", inclusive eu... pra ser mais franco ainda, se tinha uma coisa que eu jurava, era que nunca (isso mesmo: nunca) seria proprietário de uma embarcação construída em madeira (super estrutura). Não sei o que outras pessoas pensam sobre isso, mas eu imaginava a complicada manutenção da madeira.

Ply-glass: "O processo de construção se resume no seguinte: após a fabricação em bancada da estrutura transversal, ou seja, as anteparas, estas são fixadas em pé sobre uma base (picadeiro) e unidas por peças de madeira longitudinal (quilha estrutural, chines, etc.). Sobre esta estrutura é fixado compensado naval relativamente fino. Uma vez todo o casco coberto com compensado são aplicadas várias camadas de fibra de vidro saturadas com resina epóxi. Uma vez curada a resina é então feita a lixagem externa para que o casco possa ser emassado e pintado. Para o convés repete-se a operação, sobrepondo-se uns 50 mm a laminação do costado. Internamente o compensado e toda a estrutura devem ser saturados com resina epóxi para impermeabilização, garantindo dessa forma uma imensa durabilidade". Fonte: http://veleirotaga.blogspot.com.br/2008/02/processo-de-construo-em-ply-glass.html

Quando adquiri o projeto e li o roteiro de construção, entendi que o meu preconceito com relação à madeira era totalmente infundado. Cito isso agora, neste exato momento em que estou iniciando a construção - pode ser que mude com o decorrer do tempo.

Como foi explicado acima a madeira precisa ser totalmente saturada em resina epóxi e o motivo principal é que a madeira tem que ser totalmente impermeável.

Se ela recebe água...

a)Pode criar fungos que se alimentarão da celulose e consequentemente apodrecer a madeira;

b) Pode dilatar e contrair alterando suas dimensões... como o barco é um monobloco esse movimento de vai-e-volta pode descolar as peças e se tornar frágil.

Isto posto, a escolha da madeira tem que ser muito criteriosa. Ela deve ser bastante porosa, consequentemente leve - uma vez que a densidade da celulose é praticamente a mesma para todos tipos de madeiras - para que o processo de de saturação seja perfeito. Deve ser imunizada contra fungos e não deve conter nós.

Procurei opinião de amigos, construtores amadores, nos vários foruns que participo e um deles, já mencionado por aqui, o Ricardo S de Souza de Floripa-SC me deu uma dica muito valiosa: O melhor fabricante de compensado naval que ele conheceu foi a indústria Frank Compensados (PR)(http://www.frankcompensados.com.br/). Eles fabricam e discutem detalhes técnicos - esse é o grande plus do sucesso. Frank Compensados garante colagem e imunização de acordo com as normas europeias DIN-EN 314-1 / 314-2

Não adianta ficar ligando pra lojas, o pessoal (por mais experiente que seja) não tem o mesmo conhecimento de quem fabrica. Evidente que se você conhece os produtos poderá comprá-los em qualquer loja.

Enviei alguns emails e concretizei a compra de parte do material:
28 chapas/folhas (2,20 X 1,60) de compensado naval de cedro 100% (capa e miolo) de 10 mm e 28 chapas/folhas (2,20 X 1,60) de compensado naval de cedro 100% (capa e miolo) de 6 mm. Ao custo unitário de R$ 201,48 e R$ 135,42 respectivamente (mais 10% de frete para Alagoas).

A madeira escolhida foi cedro mais poderia ter sido virola - de maneira alguma pinus por ter muitos nós.

O prazo de fabricação é de 15 dias e mais 15 para o transporte.

Precisarei comprar os sarrafos, a resina e o catalisador.

O compensado naval de cedro...




domingo, 4 de maio de 2014

O Projeto...

Estou de volta, demorou um pouco, sonhei bastante e acordei...

O projeto escolhido foi o POP 25 do Cabinho - Roberto Barros Yacht Design. A escolha deveu-se por vários motivos, citarei os mais significativos. Vejamos:

a) Tempo - Grande parte das pessoas que iniciam um projeto de construção raramente o conclui. No meu caso a probabilidade disso ocorrer é tão certa quanto 2 + 2 = 4. Portanto quanto maior for o tempo de construção deste projeto ele estará fadado ao fracasso. Pretendo construir o POP num período entre 8 e 16 meses.

b) Simplicidade e Praticidade - Inúmeras foram as vezes que sai de casa pra comprar um radio de pilhas pra ouvir o futebol e cheguei em casa com uma TV de 42" - Simples Assim... - Entro na loja, observo os radinhos, acho que mereço um pouco mais, faço as contas com o 13o. salário e pimba - Smart TV 42". Sabendo disso, mais do que ninguém, é que nem procurei muito: o POP é extremamente simples e prático.

c) Custo - O projeto foi o mais barato que encontrei no Brasil (US$ 300 AD - R$ 625,00 em 25/04/2014). Alguns projetos estrangeiros eram gratuitos (KD 800), mas eu não entendo nada de russo, e sem uma assistência técnica o fracasso era certo. O que contou também foi o fato de que nunca fui adepto desses projetos gratuitos, não que os ache imperfeitos, mas porque entendo que quem os faz merece ser recompensado, meus amigos sempre me criticaram por isso. Meu lema é: Se eu trabalho e não posso comprar uma coisa que eu quero então é porque não posso ter essa coisa e é melhor trabalhar um pouco mais (ou então pensar no 13o. salário).

d) Planos Futuros - Decidir morar fora do Brasil, preciso conhecer novos horizontes e estudar, pelo menos, mais dois idiomas fluentes. Já vinha matutando sobre isso há algum tempo, mas isso se tornou uma realidade mas palpável depois da minha aposentadoria e das frequentes crises depressivas que estou conseguindo controlar. Pensando assim, quanto maior e mais dispendioso for o projeto, mais difícil será me desfazer dele. Não pretendo sair por aí em solitário num barco de 25", eu posso não ser muito certo da cabeça, mais ainda não estou doido. Por isso preciso construir algo bem bacana e que possa ser vendido muito rápido. O período da construção será tempo suficiente para ajustar as coisas aqui em casa no sentido de partir pra fora.

Comprei o projeto no dia 25 de abril de 2014 (sexta feira) e recebi do Luis Gouveia, por email, no dia 28 de abril (segunda) um conjunto de 53 arquivos. Destes, 52 eram pranchas do projeto e 1 era o roteiro de construção.

Iniciei a leitura do roteiro e me apaixonei. Um livro de 117 páginas, bastante didático, um trabalho extremamente profissional. Nele são discutidos:

Capítulo 1 – Introdução
Capítulo 2 – Ferramentas usadas na construção
Capítulo 3 – Informações sobre madeiras, compensado e resina epóxi
Capítulo 4 – Pré-fabricação da estrutura transversal
Capítulo 5 – Montagem do casco
Capítulo 6 – Fabricação do interior
Capítulo 7 – Fabricação da superestrutura
Capítulo 8 – Instalação de sistemas
Capítulo 9 – Construção de quilhas e lemes
Capítulo 10 – Acabamentos finais, pintura e colocação de ferragens
Capítulo 11 – Apêndice –lista de planos do projeto

Cada peça é discutida minuciosamente, suas dificuldades, os cuidados, etc. Por isso repito sempre: Assistência técnica é fundamental.

Neste momento estou cotando materiais...

O POP 25...







Estas fotos são de propriedade de ROBERTO BARROS YATCH DESIGN